quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Para onde foram todas as manhãs...








Para onde foram todas as manhãs...
Sedentas de luz, fugindo do ocaso.
Onde se encontravam os continentes,
Em que Deus se fazia onipresente!
Onde a morte, a dor, o rancor, a despedida:
Não se fazia presente aos humanos.

Tudo é hipocrisia se não existir o amor!
A guerra, a fome, a cobiça, o temor:
E a eterna busca do afeto não retribuído!
Somos todos reféns desta dimensão
E calados prosseguimos entorpecidos,
Pelo medo, que corroí a nos mesmos!
E nos faz ir cada vez mais longe
Do ato fecundo do simples conviver!

O tempo se esvai com o passar 
Das estações, imorredouramente! *
Que a vida seja leve:
Aos que tem na poesia,
Sua dor exposta em cada palavra
Escrita e nunca lida... 
Nas tardes cotidianas que ousam
e insistem nunca amanhecer!







*  Carlos Drummond de Andrade



imagem amanhecer em Florianópolis

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