sábado, 11 de agosto de 2012

A inconstância do vento...



A inconstância do vento...
Nos trás a fragrância
Esquecida no tempo.

Revivida em um momento,
Singelos episódios que se esvaem
E se desfazem como garoa, sereno!
Peculiar em poucos instantes...
Que nos marcam para sempre.

E faz brotar algo fenecido:
Lembranças deixadas ao relento...
Como folhas secas caídas,
E deixam marcado o caminho
Irreversível do esquecimento.

A inconstância do vento...
Nos trás a fragrância
Esquecida no tempo.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

As almas dos eternos errantes.

















"São demais os perigos desta vida,
para quem tem paixão..."


Vinícius de Moraes









As almas dos eternos errantes,
Em que vagueiam relutantes.
Dispersas nos mares e  campinas 
Onde por fim, se perdem os dias.

E se vão, fumegantes em busca
Dos perdidos dias, em que nunca,
Sonhados afinal como antes,
Trazendo mistérios distantes.

Em suas flamejantes figuras
Postas como eternas molduras
Estáticas, congelando o fim,
Labirinto  feito de nanquim!


Saiam a vagar na penumbra!
Da noite que em sua sombra,
Passeiam os amantes  inocentes:
Perigos que lhe são  inerentes.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O inatingível










A força da ignorância é a tirania:
Onde para se manter, prega-se a hipocrisia...
A sordidez vai se espalhando
Com tal velocidade desmedida!
Ficando sem controle, sem sentido.
Embarcando todo mundo
Numa roda-viva, serpentina.
Pondo-nos, inevitavelmente
Numa encruzilhada do destino,
Sem possibilidade de saída.
Mas, nada dessa humana atrocidade
- Obra do descaso, suicida:
Contaminará o sal da terra,
Manter-se-á sempre fértil,
Inatingível.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Indo assim: Aos sabores dos ventos...




















A todo meu amor serei verdadeiro
E nele vou me prender por inteiro.
A tudo, neste mundo, estarei atento,
E apreciar este breve momento.



E nada passará despercebido
Mesmo ao mais adormecido,
Sentimento que fora imaginá-lo
Um dia, outrora jamais, possuí-lo.

Jamais sentirei tal contentamento,
Como estar aos sabores dos ventos
Ou cintilar como estrela cadente:
Fulminante e fugaz, mas indo contente.



Imagem:


domingo, 29 de abril de 2012

O Universo










Prosopopéia dos cantos inaudíveis,

Onde os amores jamais serão vividos!

Sob o julgo do assombroso infinito...

Num estridente e inútil grito:

Digo não ao incansável eterno!


E jamais teria se consumido,

No caos do outrora findo

E brotar ao acaso do destino,

Num constelar de matéria dispersa

Inexplicavelmente no firmamento?


Contagiando-nos instantaneamente,

Com um intenso deslumbramento.

Não há de ser somente uma obra,

Feita por mero desprendimento:

Há de ser a morada para o sempre!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Tua beleza escondida...



O esplendor de sua beleza interior

Reflete espontaneamente em sua cútis,

Em forma plena de pura candura!

Onde não haverá forma, ou coisa,

Ou dores por ventura neste mundo:

Que arrancará abruptamente,

Por capricho ou ironia do destino,

Seu inocente e fecundo sorriso!

Irradiando-nos, instantaneamente,

Com sua indecifrável formosura.

Espantando essa nossa dor trivial

Ou condição mortal que nos sepulta.

Pondo-nos em outros ares, lugares,

Despertando e elevando o espírito...

E sentiremos mais leves e livres:

Tua luz replandecendo todos os dias!

sexta-feira, 30 de março de 2012

O nada...





As nossas ilusões passadas,

Foram feitas de infinitos desejos:

Canções, beijos e mãos dadas!

E tudo, outrora, não foi em vão,

E íamos distraídos pela calçada.


E um mundo ao redor, desatento...

Sendo espiado pelo inútil nada.

E mesmo assim, foi o destino,

Ser o que fomos e não existiria

Outra maneira de deveras sê-lo!


E nada foi além de um sonho,

Nunca ousado e pressentido,

Plenamente pelos simples mortais.

Que passam indiferentes aos caos

Incompreensível do firmamento.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Réquiem do passar dos dias!



Não seria nada até então...

Se não descobrisse o amor:

E nele encontro o infinito,

E tudo se faz sentido!

E fico eterno para o meu amor,

Que suavemente me abriga...

De contentamento no esplendor das horas

E ao passar dos dias!

Agora sei o quanto sou alegre

Sendo que outrora fui e nunca saberia,

Hoje dou adeus à melancolia!

E se no meu destino estiver marcado esta sina

De meu súbito amor de ir embora sem aviso;

Não entrarei em desgraça ou mera nostalgia:

Pois este amor me ensinou que a vida é muito mais...

E nelas estamos presos até o final dos nossos dias!

Jardim do Éden













Quando ouvires os últimos
Retumbantes acordes
No madrigal jardim do Éden,
Onde o pecado ainda não tinha penetrado
Em teu puro coração, em sua serpentina
Em sangue livre da maldade!
Estarás em pleno êxtase cósmico
Num breve espaço de tempo
Em uma felicidade nunca apreciada
Pela sua textura ainda de menina
Em que nunca sentiu a dor,
Terrena no peito, indulgente!
Onde saciarão a fome daqueles,
Por ventura posta nesta vida,

Impunes sairão do teu ventre:
Povoando a terra de seres
Em mortal veste lhe destinam!








Pictures:


Cole Thomas The Garden of Eden 1828




sexta-feira, 9 de março de 2012

O Poente














Tenho o vento forte,
Flamejante ao poente,
Dentro de mim!
Que assopra nas orlas,
E fere em tempestade,
Os mares outrora calmos...
Içando as velas dormentes
E faz singrar minh’alma errante,
Guiada por estrelas cadentes.
Em busca do ocaso:
Salpicando de esperança
Meu ledo coração!
Afastando-o e levando a lugares
Distantes, inconcebíveis...
Que nunca ousei em ir!
Tenho o vento forte,
Flamejante ao poente,
Dentro de mim!



sábado, 3 de março de 2012

A Fênix ressurgida.













Romper barreiras
Transpor fronteiras

Quebrar o silêncio
Invadir o espaço

Esquecer os laços
Dilatar os pensamentos

Fugir dos ressentimentos
Elevar a alma

Ressurgir das cinzas
Transcender o corpo

Desafiar o infinito...










Fênix ressurgida das cinzas:

sábado, 11 de fevereiro de 2012

SOLITUDE II
















Na verdade...
Todos nós estamos sós!
Todas as estrelas distraídas...
Todos os apaixonados cantando sob a lua,
E na criação, Deus também estava só.
E não há mais dor ou sentimento,
Sendo que exprima tão tormento
E solidão em estar num momento...
Tão crucial e truculento.
De ver um amor partir e no poente,
Fazer juras de amores no firmamento
E ter todos os sonhos num instante
Se esvaindo de repente e indolente.
E depois não possuir mais o encanto
Numa sensação estranha, simplesmente...
Mesmo tendo o amor ainda presente!
Sendo o desfrutar:
Um privilégio para poucos.












Solitude não é solidão:


http://www.recantodasletras.com.br/resenhas/1032771









A nebulosa Carina é formada por poeira e gás que se fundem para formar novas estrelas (ESO / Divulgação)


As lentes de um dos telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO) captaram imagens da nebulosa Carina, um berçário de estrelas supermassivas a 7.500 anos-luz da Terra, com o maior nível de detalhe já alcançado.
imagem retirada da internet
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/divulgada-foto-espetacular-de-nebulosa-carina

Ainda escrevo...











Meus versos feitos são...
Como lavrar o campo, esperar colher
As romãs que nunca irão florescer
 E mesmo assim sentir seu aroma...
Esperando a primavera derradeira
Aonde, que teimosamente nunca virá,
Mas, ainda sonhando com sua chegada.
Então, sem querer nos contaminam
De frágeis e inesperados sentimentos
Assim, fulminante no âmago do ser:
De sei lá o que, vem sei lá de onde...
Ao que nos humanos chamamos
Inexplicavelmente de esperança.
A poesia não é como a filosofia
Que só mostra apenas o caminho a seguir.
Mais do que isso, enfeita-o com flores,
Enchendo com lucidez descomunal
Nossos humanos olhos distraídos,
Pois tudo que ainda vive é sagrado!




Imagem do Uirapuru verdadeiro;





sábado, 4 de fevereiro de 2012

Que se vinguem os dias...










Vêm... Sereníssima manhã...
Preencher este vasto vazio.
Dar saliva na boca...
Num eterno desejo!
Onde se principia
O que tens de mais belo,
Em teu hálito de caramelo
Em todas as manhãs...
Até que a vida,
Em pleno êxtase,
Seja- me pródiga
Em meus apelos!
Antes que se finda
O que o destino,
Preparou
Sem querer...
Em fim.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Há certos momentos





São umas poucas estações,
Onde deixamos todo o sentimento,
Marcado em um espaço de tempo:
Eterno em cada gesto espontâneo
E que fica para o resto da vida!

São exatos momentos,
Tão docemente impregnados na gente,
E fazem esquecer daqueles dias
Que estivemos ausentes:
Pelas intempéries da vida.

E que ficamos marcados para sempre
Em estado latente, mas existente...
Como afetos mútuos explícitos:
Sendo singelas lembranças felizes
Que nos fazem prosseguir!







* Cândido Portinari

Meninos Brincando
óleo sobre madeira, 1958, 36.5 x 28.5 cm. 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Para onde foram todas as manhãs...








Para onde foram todas as manhãs...
Sedentas de luz, fugindo do ocaso.
Onde se encontravam os continentes,
Em que Deus se fazia onipresente!
Onde a morte, a dor, o rancor, a despedida:
Não se fazia presente aos humanos.

Tudo é hipocrisia se não existir o amor!
A guerra, a fome, a cobiça, o temor:
E a eterna busca do afeto não retribuído!
Somos todos reféns desta dimensão
E calados prosseguimos entorpecidos,
Pelo medo, que corroí a nos mesmos!
E nos faz ir cada vez mais longe
Do ato fecundo do simples conviver!

O tempo se esvai com o passar 
Das estações, imorredouramente! *
Que a vida seja leve:
Aos que tem na poesia,
Sua dor exposta em cada palavra
Escrita e nunca lida... 
Nas tardes cotidianas que ousam
e insistem nunca amanhecer!







*  Carlos Drummond de Andrade



imagem amanhecer em Florianópolis