sábado, 14 de maio de 2011

Fernando Oliveira: Aventura Transfísica:







































Nascemos casulos, morremos borboletas...





Imperceptivelmente acontece com raros mortais, 

que se fortificam da seiva da vida e absorvem 
todo o seu néctar e transcendem para uma nova dimensão. 
Isso não ocorre com os poetas, pois eles já nascem borboletas.
 E no caso de Fernando Oliveira (O Poeta das Vertentes), 
um fenômeno ainda mais raro se observa:
 ele se renova a cada instante, 
numa metamorfose descomunal que se fragmenta 
em sua eloqüência, sem perder originalidade, 
unidade retórica e independência em seu discurso poético,
 retratadas em seus vários eus. 
Fascina-me nesse poeta a sua absurda lucidez atemporal, 

que transgride as fronteiras limitadoras 
da nossa condição humana
 e despeja toda a sua voracidade poética 
em seus manifestos, sem perder jamais a sua sublime ternura. 
Sempre fiel a suas origens e a seu tempo, 
donde extrai suas infinitas essências, 
não fica acorrentado, nem estagnado a sua veia poética. 
Assim, sempre mantém sua eterna coerência, 
tornando-se universal nos seus temas. 
Sofre influências da clássica literatura, 

mas sem, no entanto, tentar levianamente imitá-la, 
o que talvez seja um dos fatores de ser mal-compreendido. 
Por sua audaz sinceridade incomensurável, 
expõe em demasia a sua sensibilidade poética, sem tentar, 
no entanto, amenizar alguma polêmica impregnada em seus escritos.
 Por esse motivo, a meu ver, não pode ser classificado impreterivelmente 
como um dos “Poetas Malditos”, como nosso genial Augusto dos Anjos, 
que falava com a língua, não a dos deuses, mas do povo. 
“Sombra convertida em lúmen. Palavra-carvão que, 

do longo sono da terra, acorda de repente diamante.” 
Essa definição poética de Fernando José Karl 
não poderia ter feito melhor descrição, com profundidade e exatidão, 
da gênese dos sentimentos humanos, de suas mais profundas entranhas. 
Transcritos na arte poética que brota naturalmente
 nas minas rochosas do inconsciente, é garimpada por raros poetas. 
E não falta ao nosso Poeta das Vertentes: a aptidão incrível, 
que consegue naturalmente – parodiando um dos nossos maiores críticos literários, 
Wilson Martins – “(...) dominar todos os vaticínios lingüísticos e conversa 
em pé de igualdade com os baluartes de seu tempo”.
Nesta aventura transfísica, tu és o garimpeiro dos incontidos sentimentos...






* Luís Antônio Rossetto de Oliveira
Poeta e Médico Cirurgião Plástico.
Mestre e Doutorando em Ciências da Saúde pela Unifesp-EPM
Autor do livro de poesia “A Rosa do Fim do Mundo” e de artigos científicos.

4 comentários:

  1. Meu amigo poeta,
    a crítica literária é responsável pela morte ou nascimento e vida de qualquer escritor.
    Infelizmete não conheço a poesia d'O Poeta das Vertentes', mas pelo que pude observar na leitura atenta que fiz, a obra de Fernando Oliveira soou-me uma grata surpresa.
    Se não transgredimos as fronteiras da condição humana não somos poetas. Fiéis a nossa origem somos também universais! Poemamos a vida como ela se apresenta em nosso meio e em qualquer outro, porque o ser humano o é em todos os recantos do mundo com todas as suas diferenças e todas as suas igualdades.
    Ora, temos aqui o poeta na sua essência! É essa a nossa responsabilidade: sermos provincianos em nossas universalidades.
    Sua crítica apresenta e declara um poeta 'garimpeiro dos incontidos sentimentos.' E eu completaria com sua licença: incontidos sentimentos humanos.
    Um abraço carinhoso.

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  2. Rita: Sempre com acalentadoras e preciosas palavras... Cheias de pelas imagens, influências... Eu sei! Pelas montanhas do sul de Minas onde o Sol envereda o caminho, aquecendo e preparando os corações para aos que estão por vir e extrair o que temos de mais precioso: a amizade!

    Saudações Literárias
    Grato por sua sempre bem vindas palavras!


    Rossetto

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  3. Olá Luis, ainda mais uma vez o meu obrigado pelo belo texto com que me gratificaste. Penso que fizeste uma leitura da minha poesia, assim como uma leitura dos meus outros eus! Vertentes, que poucos seraim capazes de o fazer. Para a Rita que acima diz que não conhece o Poeta das Vertentes! Até conhece pois é minha amiga no Facebook. para melhor a elucidar: Fernando Oliveira. Um abraço amigo Poeta-Doutor.

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    Respostas
    1. Eu que agradeço pela oportunidade única de apreciar a tua Obra singular e poder tecer minha apreciação e comentá-la, sendo um privilégio ímpar e fico muito lisonjeado por isso! abraços do sempre amigo!

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